Por que meu filho só gosta de comer guloseimas?

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guloseimas

Os hábitos alimentares têm se modificado no decorrer dos anos, e as crianças atualmente comem muito mais produtos industrializados e guloseimas. Alguns, inclusive, parecem só gostar de comer doces, hambúrgueres, nuggets e salgadinhos.

 

Por que isso acontece? 

Alimentar-se é um hábito, que vai sendo construído desde as primeiras refeições da criança. Assim, a oferta de legumes, verduras e frutas deve ser feita desde as primeiras refeições do bebê, e o açúcar e os produtos industrializados devem ser evitados pelo menos até os dois anos de vida.

Uma criança que recebe alimentos ricos em gordura e açúcar muito precocemente habitua-se a eles, e terá dificuldades de aceitar alimentos com mais fibras, que exigem mais tempo de mastigação e deglutição, e que não trazem satisfação imediata.

 

O que tem nas guloseimas para meu filho gostar tanto de comê-los? 

Os alimentos industrializados, doces, balas e chocolates costumam ter uma boa quantidade de gordura e/ou açúcar.

A gordura faz os alimentos se tornarem mais atraentes ao nosso paladar, dá um sabor agradável ao alimento. O açúcar promove a liberação de dopamina, que causa uma sensação imediata de felicidade.

Quando a criança come esses alimentos, experimenta sensações agradáveis, e vai querer repeti-las quando possível.

 

Por que as crianças gostam tanto de salgadinho? 

O salgadinho foi desenvolvido pela indústria alimentícia para ser um alimento crocante, com um gosto intenso na boca, e que desaparece rapidamente, o que faz com que a criança queira comer o pacote inteiro.

O cérebro entende que o alimento crocante é um alimento fresco, saudável, mas na verdade a criança está ingerindo um alimento riquíssimo em sal e gordura.

 

Meu filho não para na mesa para almoçar, quer comer guloseimas jogando no tablet ou assistindo à televisão no sofá. Uma coisa influencia a outra? 

Uma criança que come guloseimas assistindo à televisão não presta atenção no sabor do que está comendo, não aprende a apreciar a comida, e receberá alimentos calóricos e pouco nutritivos, não tendo fome na hora das refeições.

É importante que a criança se acostume a comer sentada à mesa, sem telas, de preferência com os familiares, para que possa prestar atenção no gosto e textura dos alimentos que está ingerindo.

O sinal de saciedade chega ao cérebro depois de alguns minutos que a refeição é iniciada, então a refeição deve ter a duração de 20 minutos.

A digestão começa na boca, e uma mastigação adequada é importante para a boa metabolização dos alimentos pelo organismo.

 

Meu filho belisca guloseimas o dia todo, apesar de eu já explicar que isso não é permitido. O que posso fazer para mudar isso? 

A primeira providência a ser tomada é não ter guloseimas em casa. Se um adulto que gosta de doces tem dificuldade de se controlar quando sabe que tem chocolate em casa, vamos imaginar a criança, que não tem consciência plena dos malefícios de comer doces frequentemente.

Não estoque doces, bolos, salgadinhos. Em situações especiais, festas ou passeios, permita uma pequena quantidade de guloseimas. Assim, seu filho chegará mais interessado na hora das refeições principais, comerá melhor e não ficará beliscando o dia inteiro.

 

Eu como muitas guloseimas, isso influencia meu filho? 

A criança aprende muito mais com atitudes do que com ordens. Ao ver você comendo guloseimas, ela imitará seu comportamento.

A alimentação saudável precisa ser um hábito da família, para que a criança se comporte como os pais e irmãos e entenda que comer legumes, verduras e frutas é natural, e não um castigo.

 

As guloseimas fazem tão mal assim como se fala? 

Quando a criança tem o hábito de ingerir grandes quantidades de sal, açúcar e gordura, ela corre o risco de desenvolver doenças no presente e no futuro, como:

Além disso, deixa de receber nutrientes importantes para o seu crescimento e desenvolvimento, pois não recebe a quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais que receberia se comesse adequadamente.

 

Meu filho não quer almoçar e nem jantar, fico com medo de ficar com fome e emagrecer, e acabo dando as guloseimas que ele gosta. Como fazer nesses casos? 

Quando substituímos o almoço ou o jantar por guloseimas, a criança entende que se não comer, receberá o doce, a bolacha, o leite fermentado cheio de açúcar.

Como já está habituada a ter a satisfação imediata dada pelo açúcar e pela gordura, e não aprendeu a apreciar as cores, textura e sabor dos alimentos saudáveis, irá fazer birra, chorar, até conseguir receber a guloseima. E isso vira um ciclo difícil de romper.

É importante conversar, explicar os motivos pelos quais você não oferecerá esses alimentos se ela não almoçar ou jantar, não forçar a alimentação e orientar que ela irá comer no próximo horário da alimentação saudável.

Com o tempo, ela entenderá que o horário da alimentação é a hora do almoço e do jantar, e que não haverá guloseimas se ela não comer nessas horas.

As mudanças de hábito não ocorrem imediatamente, então é preciso ter paciência e determinação para que a criança adote um novo padrão alimentar.

 

Eu ofereço alimentos saudáveis para meu filho, mas ele fica na casa dos avós quando eu vou trabalhar, e lá tudo é liberado. Como agir nessa situação? 

A mudança do hábito alimentar da criança requer a participação de todos os adultos que cuidam dela.

Algumas pessoas associam guloseimas a carinho, outras não puderam comer doces quando eram crianças e querem proporcioná-los aos sobrinhos e netos.

É preciso explicar que uma dieta com muitas guloseimas traz prejuízo físico, nutricional e psicológico, e que incentivar a criança a comer alimentos saudáveis significa zelar pela sua saúde e bem-estar.

 

Conclusão 

Os hábitos alimentares se modificaram muito no decorrer dos anos, e a ingestão de alimentos industrializados, doces e ricos em gordura aumentou consideravelmente, trazendo consequências negativas para a saúde da criança. A limitação do acesso a guloseimas e o incentivo à alimentação saudável, fazendo refeições em família, sem telas, irão incentivar a mudança da alimentação dos pequenos, proporcionando uma melhor nutrição, diminuição de doenças e mais qualidade de vida.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

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