Dor abdominal na infância

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dor abdominal

A dor abdominal é uma das queixas mais comuns nos consultórios de pediatras e gastropediatras, e costuma ser causa de preocupação para os pais e de desconforto para os pequenos. Muitas vezes é relacionada à parasitose, mas vários outros fatores podem estar envolvidos em sua origem.

A dor pode levar à interrupção de atividades, afastamentos escolares e, em alguns casos, a internações hospitalares e investigações complexas.

Quais as possíveis causas da dor abdominal?

Várias doenças gastroenterológicas podem se apresentar com esse sintoma, como:

  • Diarreia aguda
  • Constipação intestinal
  • Doença celíaca
  • Alergia alimentar
  • Intolerâncias alimentares
  • Doenças pépticas (gastrites, úlceras)
  • Esofagite
  • Doenças da vesícula (colelitiase, coleciste)
  • Pancreatite
  • Doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn, retocolite ulcerativa).
  • Apendicite
  • Invaginação intestinal
  • Divertículo de Meckel

Quais outras causas não relacionadas ao sistema digestivo podem levar a dor abdominal?

Outras causas comuns de dor abdominal podem não estar diretamente relacionadas com o trato gastrointestinal, como:

  • Pneumonias
  • Torção de testículo ou ovário
  • Infecções urinárias
  • Cálculos renais

A percepção da dor é um processo individual, ativo e plástico, e envolve experiências físicas, sensoriais, emocionais e cognitivas, e cada criança irá reagir à dor de uma maneira.

Cerca de 30% das crianças em idade escolar apresentam queixas de dor abdominal recorrente. A dor recorrente é considerada um distúrbio funcional, sem causa orgânica, sendo um produto de interações de fatores psicossociais e alterações fisiológicas do trato digestivo, tendo como via o eixo cérebro/intestino.

Nesses casos, pode haver eventos fisiológicos relacionados com a dor, como alteração da microbiota intestinal, alteração da motilidade do trato digestivo, alterações imunológicas, e hipersensibilidade visceral.

Os transtornos funcionais de dor abdominal, segundo o critério de Roma IV, são:

  • Dispepsia funcional: anormalidades da função gástrica motora, hipersensibilidade visceral, sensação de distensão abdominal, saciedade precoce.
  • Síndrome do intestino irritável: alternância de constipação e diarreia, com dor intensa e estresse psicossocial, apresenta relação com ansiedade, depressão, impulsividade e irritabilidade.
  • Enxaqueca abdominal: mesmo mecanismo fisiopatológico da enxaqueca tradicional, com mecanismos deflagradores (estresse, fadiga, viagens), com sintomas associados (anorexia, náuseas, vômitos), e fatores de alívio (repouso e sono).
  • Dor abdominal funcional

O gastropediatra está habilitado a abordar a dor abdominal, e irá realizar uma avaliação minuciosa e especializada para diferenciar causas orgânicas de causas funcionais.

Alguns sinais sugestivos de causas orgânicas são:

  • Idade de início antes de 4 anos de idade
  • Perda de peso ou desaceleração do crescimento
  • Vômitos persistentes
  • Dor longe do umbigo
  • Dor que desperta a criança do sono
  • Recusa alimentar
  • Sangramento gastrointestinal
  • Diarreia noturna

A criança com dor abdominal funcional não apresenta sinais e sintomas de alarme, não tem comprometimento da nutrição e tem o exame físico normal.

As causas orgânicas de dor abdominal têm tratamento específico, e o diagnóstico adequado é necessário para uma abordagem correta.

O manejo e tratamento dos distúrbios funcionais envolve intervenções dietéticas, farmacológicas e psicológicas, que serão individualizadas de acordo com cada caso.

É importante ressaltar que a dor abdominal funcional é uma dor real, e não uma simulação da criança.

Conclusão

A dor abdominal na infância tem várias causas possíveis, e uma avaliação cuidadosa do pediatra com encaminhamento ao gastropediatra, em situações específicas, é necessária. A investigação de fatores clínicos, dietéticos, emocionais e sociais é importante para o seu tratamento, promovendo tranquilidade aos familiares e melhora da qualidade de vida da criança.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

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