Quando o bebê chega perto do 6º mês de vida, a ansiedade e expectativa para iniciar a alimentação sólida aparecem.

Afinal de contas, ele parece interessado em tudo que colocamos na nossa boca! Veja a seguir como e quando introduzir a alimentação sólida de uma maneira saudável e segura para o seu pequeno.

 

Por que é importante iniciar a alimentação sólida do bebê?

A alimentação sólida é importante para o bebê começar a conhecer novos alimentos além do leite materno e da fórmula infantil, entrando em contato com diferentes gostos e texturas, e construindo um hábito alimentar que será muito importante para a sua saúde e seu desenvolvimento adequado.

 

Qual o momento certo para a introdução da alimentação sólida do bebê?

A alimentação sólida deve ser iniciada quando o bebê apresentar os sinais de prontidão para recebê-la.

Eles são:

• Permanecer sentado sem apoio ou com pouco apoio
• Interesse pela comida
• Perda de reflexo de protusão (em que o bebê empurra a colher, por exemplo, com a linguinha)

 

Todos os bebês aceitam a alimentação sólida aos 6 meses?

Não, nem todos os bebês aceitam a alimentação sólida aos 6 meses, mesmo apresentando os sinais de prontidão.

Alguns vão recusá-la nos primeiros meses, e por essa razão é importante lembrar que a amamentação ou a fórmula infantil ainda são as principais fontes nutricionais para o bebê.

Com calma, amor, e sem pressões desnecessárias, o bebê começará a se interessar pelos alimentos, e comerá mais com o passar do tempo.

 

De que maneira devo introduzir a alimentação sólida do bebê?

A recomendação atual da Sociedade Brasileira de Pediatria e Academia é de oferecer os alimentos amassados num primeiro momento, por meio de uma colher, e ir aumentando a consistência da refeição aos poucos.

A primeira papa pode ser oferecida por volta dos 6 meses, juntamente com uma papa de frutas, e a segunda papa por volta de 7 meses, com mais uma papa de fruta.

Os alimentos devem ser oferecidos in natura e pouco processados.

 

Que tipo de alimentos devo oferecer para o meu bebê?

As refeições iniciais do bebê já devem ter os quatro grupos alimentares:

• Cereais e tubérculos
• Leguminosas
• Hortaliças
• Carnes e Ovos

O ideal é usar temperos naturais (salsinha, cebolinha, orégano), e não usar sal.

 

Como oferecer as frutas para o meu bebê?

As frutas devem ser oferecidas in natura, também amassadas, e não em forma de sucos, pois perdem propriedades nutricionais importantes.

 

Quando devo oferecer alimentos mais alergênicos para o meu bebê, como amendoim, peixe, ovo e castanhas?

Esses alimentos podem ser introduzidos a partir de 6 meses de vida, um de cada vez. A introdução tardia, após os 12 meses, pode aumentar o risco de doenças alérgicas no bebê.

 

Posso bater a papa no liquidificador ou passar na peneira?

Esses métodos de processamento do alimento não são indicados, pois a textura do alimento é perdida, e não estimulam a criança a mastigar e deglutir.

 

Quando aumentar a consistência da papa do bebê?

Aos poucos, você pode ir aumentando a consistência da papa e observando a aceitação do bebê.

Deixe alguns pedaços imaiores, sem amassar tanto, e observe se a criança aceita. A ideia é que com cerca de um ano ele esteja comendo a refeição pouco amassada ou já inteira.

É importante também oferecer ao bebê, com o passar do tempo, alimentos em pedaços, para que ele entre em contato com suas formas, cores, texturas e temperaturas.

 

Qual a quantidade que o bebê come quando inicia a alimentação sólida?

Geralmente, em torno dos 6 meses de vida, o bebê come de 2 a 4 colheres de sopa ao dia, e com um ano de idade, um fundo de prato médio.

 

O bebê precisa sempre terminar a refeição, comer tudo o que está sendo oferecido?

O bebê não precisa comer toda a papa oferecida, e ele irá variar essa aceitação no decorrer dos dias, um dia comerá bastante, no outro menos, assim como nós adultos também variamos.

 

Devo forçar meu bebê a comer ou distraí-lo com tablets ou televisão para ele terminar a comida?

Não devemos distrair um bebê para que ele coma, pois isso faz com que ele não perceba o que está comendo, e não aprenda sobre fome e saciedade.

O bebê nunca deve ser forçado a comer, se ele acenar que não ou fechar a boca, interrompa a refeição.

A hora da refeição deve ser um momento prazeroso para o cuidador e para o bebê, e se está sendo fonte de desgaste emocional para um dos dois, é importante rever o processo.

 

O bebê precisa beber água?

Sim, a partir do momento em que a criança inicia a alimentação sólida, deve receber água entre as refeições. Inicie com cerca de 50mL de água e vá aumentando a quantidade de acordo com a aceitação.

 

Meu bebê não gosta de determinados alimentos, devo parar de oferecê-los?

Se o bebê não gosta de um alimento, insista na exposição, ofereça a ele, pois a exposição frequente pode facilitar a aceitação.

Você também pode oferecer de maneiras diferentes, cozido, assado, fatiado, ralado, para que ele se interesse mais.

 

A refeição deve ser oferecida misturada ou com ingredientes separados?

A refeição deve ser oferecida com ingredientes separados, para que a criança aprenda os diferentes sabores.

 

O bebê pode receber açúcar ou alimentos preparados com açúcar?

O ideal é o bebê não receber açúcar até os dois anos de vida

 

O bebê pode receber alimentos ultraprocessados (bolachas, salgadinhos, cookies, balas, chocolates)?

Os alimentos ultraprocessados geralmente tem um elevado teor de açúcar, gordura e sódio, e não devem ser oferecidos na introdução alimentar do bebê.

Esses alimentos devem ser limitados ao máximo por toda a infância, pois seu consumo está relacionado a uma maior incidência de obesidade, hipertensão, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares.

Além disso, os alimentos ultraprocessados estão muito relacionados a transtornos mentais, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono.

 

E o método BLW (baby led weaning – desmame guiado pelo bebê) – O que é? É aconselhável?

O método BLW consiste em oferecer pedaços de alimentos com cortes específicos desde o início da alimentação sólida.

Suas vantagens seriam uma maior percepção de fome e saciedade, uma menor tendência a obesidade, e uma menor chance de seletividade alimentar futura.

Se a família optar pelo método, é importante se informar sobre ele, e evitar alimentos duros, redondos, ou que apresentem risco de aspiração.

Os estudos atuais mostram que a ingestão energética com o método tradicional ou BLW costumam ser semelhantes, podendo haver algumas carências de micronutrientes como ferro e zinco com o método, pois o bebê pode se alimentar com poucos alimentos ricos nesses elementos, como carnes, e com muitas leguminosas, que tem fitatos e atrapalham a absorção dos micronutrientes. Assim, a oferta e aceitação desses alimentos deve ser avaliada, e se necessário, deve ser realizada a suplementação.

Algumas famílias acabam adotando um método misto, oferecendo a alimentação com colher e em pedaços, o que também pode ser feito.

 

Conclusão

A introdução alimentar do bebê é um momento muito esperado pela família, e fazê-la da maneira adequada irá promover um hábito alimentar saudável e a ingestão correta de nutrientes, o que é importantíssimo para o seu crescimento e desenvolvimento adequados, assim como para uma boa saúde.

Converse com seu pediatra sobre o momento de começar a alimentação sólida, e como fazê-lo. Bom apetite!

Guia alimentar Para crianças brasileiras menores de 2 anos

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC